Ana Maria de Almeida Camargo – Coordenador / José Francisco Guelfi Campos
Geralmente considerados material de segunda classe, os chamados ?recortes de jornal? têm sido frequentemente marginalizados no plano do tratamento documental. Entretanto, sua presença nos arquivos, não raro formando conjuntos volumosos, é inegável e impõe desafios e dilemas aos arquivistas e profissionais que se dedicam a organizá-los e descrevê-los. Neste sentido, um dos problemas mais sensíveis tem sido o reconhecimento das espécies e tipos documentais resultantes da atividade jornalística, geralmente denominadas, nos instrumentos de pesquisa, de forma genérica e inadequada. Alinhando conceitos e noções da arquivística, da diplomática, das ciências da comunicação e da linguagem, procuramos identificar as espécies documentais usualmente encontradas sob a forma de recortes nos arquivos, definindo-as em glossário. Procuramos, ainda, reconhecer a condição arquivística e o caráter instrumental dos recortes de jornal, examinando, a partir de exemplos observados em arquivos pessoais, a lógica de sua acumulação como reflexo de uma prática social cujas origens remetem a uma tradição muito mais antiga do que se supõe.