Cristina Strohschoen dos Santos
Parte do patrimônio cultural brasileiro encontra-se disperso em arquivos, museus e bibliotecas, todos centros de memória com um objetivo comum: coletar, preservar e colocar a memória da sociedade à disposição de usuários e pesquisadores. Nos arquivos, os suportes materiais são os mais diversos: documentos manuscritos, audiovisuais, sonoros, bibliográficos. Este estudo deteve-se a investigar, dentro do universo dos acervos fotográficos, um suporte documental específico o negativo de vidro. Inventado em 1848, o negativo de vidro foi o principal suporte documental das imagens fotográficas no mundo até 1888, quando foi inventado o negativo em película flexível. Portanto, as fontes visuais de informação sobre a história brasileira da segunda metade do século XIX existem porque neste período o suporte existente para a sensibilização da imagem era a chapa de vidro. Foi nela que as imagens do final do Brasil Império e do início do Brasil República foram produzidas, por pesadas câmeras fotográficas de madeira – as famosas lambe-lambe. A importância do suporte documental negativo de vidro como fonte de pesquisa sobre a história mundial e brasileira foi comprovada mediante incursões na literatura e investigações em acervos fotográficos brasileiros. Verificou-se que a fotografia constitui-se em poderoso veículo de comunicação visual, além de seu valor como fonte de informação e como patrimônio documental. Esta premissa, por sua vez, impõe as instituições culturais custodiadoras deste tipo documental a necessidade de definir políticas específicas para as mesmas. À luz dos conceitos sobre preservação, acesso e difusão, os quais se constituíram nos referenciais teóricos; e situando cronologicamente a invenção dos diversos processos fotográficos, esse estudo analisou políticas de preservação e acesso adotadas por centros de documentação fotográfica detentoras de negativos de vidro com base naquelas identificadas em duas instituições culturais com semelhanças nos acervos preservados e nos objetivos e metas institucionais, porém, com diferenças climáticas devido a sua localização geográfica – nas regiões Sul e Nordeste do Brasil. Ratificou-se a importância das funções arquivísticas: a preservação e conservação preventiva para aumento da longevidade dos documentos; o acesso – a necessidade de elaboração de instrumentos de pesquisa para garantir o alcance ao conteúdo das imagens; e a difusão cultural, editorial e educativa. Permeando tudo isto, a necessidade da existência de programas como planejamentos contínuos as políticas. Como fruto deste estudo foi produzido o produto final exigido em mestrados profissionalizantes – um manual contendo os procedimentos adequados para a preservação do documento fotografia, especificamente no suporte documental negativo de vidro, que pretende orientar arquivistas, conservadores, historiadores, bibliotecários, museólogos e outros profissionais, nas ações pertinentes a conservação preventiva, preservação e restauração de imagens sobre este suporte documental.
Texto completo disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/10988