PRODUÇÃO DE SENTIDO NOS DOCUMENTOS DE ARQUIVOS SIGILOSOS: Sistema de Informação e Contra-Informação sob do olhar da ASI de 1971 a 19781 (2017)

Rosale de Mattos Souza

Este trabalho visa entender como o Estado exerce o poder por meio dos códigos sociais, da padronização de documentos e informações, da produção de sentido dos documentos de arquivos sigilosos existentes no Sistema de Informação e Contra-Informação na Ditadura Civil-Militar, num recorte entre 1971 e 1982, sob o olhar da Assessoria de Segurança e Informação(ASI), da Universidade Federal Fluminense – UFF. Buscou-se também compreender as narrativas e discursos das comunidades envolvidas e do discurso oficial, que foram afetadas pelas funções de controle e vigilância de informações, em particular em períodos discricionários e totalitários. Problematiza-se que a produção de sentido ou a semântica não é um assunto muito refletido ou discutido na Arquivologia, as questões de representação da informação se encontram com maior evidência na Organização do Conhecimento, associada à Ciência da Informação. Esta produção de sentido pode levar ao contexto que está por trás do texto, à ampliação de estudos sobre tipologia documental, a linguagem, as narrativas e informações utilizadas nas universidades públicas federais à época, seus atores, as regulações existentes, assinalando, na historiografia do presente, as construções de memórias, o campo de disputas de memórias individuais e coletivas e atualmente sua (re) – significação. Existiu uma “ guerra info-comunicacional”, entre a produção de discursos e narrativas de estudantes e órgãos governamentais. Quanto aos aspectos teórico-metodológicos, observam-se correntes de pensamento na Arquivologia e na Ciência da Informação sobre a produção de sentido; o conceito de documento e informação e seus diversos aspectos na Ciência da Informação e na Arquivologia, a gênese, do processo documental, e, a materialidade do documento e da informação. Quanto ao aspecto metodológico empírico da pesquisa, destaca-se em primeiro lugar o entendimento do contexto dos documentos de arquivos sigilosos, com o Manual de Informações do SNI, Regulamento para Salvaguarda de Assuntos Sigilosos, Manual de Procedimentos administrativos da Assessoria de Segurança e Informação (ASI), buscando as funções, atividades e atos, organicidade e vínculo arquivísticos. Em um segundo momento, fez-se uso da Tipologia Documental, da identificação de documentos, buscando os assuntos coadunados ao conceito de relevância. Como amostragem do sistema de informação, foi utilizada a série de documentos do Diretório Central dos Estudantes (DCE), no fundo documental da (ASI), da UFF; célula que foi subordinada à Divisão de Segurança e Informação(DSI), do Ministério da Educação (MEC), na rede de documentos e informações produzidos e recebidos no Serviço Nacional de Informação (SNI) e no Sistema Nacional de Informações (SISNI). Constatou-se que houve uma cultura do sigilo. Criou-se uma cultura documental de produção de documentos e de sentidos, de técnicas e processamento de documentos e informações, envolvendo funções, atividades e atos, o que leva a pensar em uma cultura específica e especializada do SISNI e do SNI; que promoveu o discurso através do registro e a uniformidade de pensamento da comunidade de informações e contra-informações. Considera-se que a memória e a (re) produção de sentido nos arquivos se faz através da materialidade dos códigos sociais, e da elaboração de documentos e informações.

Texto completo disponível em: https://ridi.ibict.br/handle/123456789/947

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