Na sociedade contemporânea essa questão é, muitas vezes, considerada superada, uma vez que os espaços virtuais (servidores, nuvens) se apresentam como ilimitados. Conforme afirma Colombo (1991), na ?sociedade da técnica? a necessidade de selecionar o que deve ser preservado é substituída pela necessidade de conversão (ou tradução). As memórias são recolhidas e transformadas em signo e em testemunho (registra, reproduz, duplica, repete). Os recursos tecnológicos permitem absorver qualquer ampliação ou incremento ao conhecimento, sob o ângulo da suposta total neutralidade em relação aos conteúdos. Os bancos de dados são arquivo do mundo, ?predispostos a recolher todo o seu devir? (Colombo, 1991, p. 92). Na Ciência da Informação, memória e informação aparecem relacionadas especialmente às informações registradas (documentos), nos mais variados suportes, consideradas elementos de relevância para a memória social, em vários níveis: local, regional ou nacional. Essa relevância é justificada pela possibilidade de (re)construção da memória e da formação de identidade a partir desses registros, o que exige sua organização, preservação e divulgação. Essas operações incluem o aspecto seletivo, que envolve o binômio lembrar e esquecer, onde a decisão sobre o que constituirá a memória é compreendida como uma disputa, ou uma negociação, entre grupos sociais, permeada por questões políticas e ideológicas, por vezes antagônicas. A preservação dessa memória associa-se, também, a espaços físicos socialmente instituídos e legitimados para sua custódia, tais como, arquivos, bibliotecas, museus e centros de documentação. A prática da avaliação de documentos de arquivo, função arquivística na qual se estabelece a destinação de acervos à guarda permanente, resulta no que podemos chamar de memória arquivística da sociedade. Os conjuntos documentais resultantes desse processo passam a integrar o que comumente chamamos de memória social, à qual se associam as noções de permanência e preservação. Este projeto pretende contribuir com as reflexões sobre memória e esquecimento, sobre critérios de avaliação de documentos de arquivo, com vistas à sua preservação, considerando o cenário desenhado pelas tecnologias de informação e comunicação, bem como as recomendações técnicas e normativas que vêm sendo formuladas nesse contexto.