OS ARQUIVOS NA FORMAÇÃO DA MEMÓRIA SOCIAL: um estudo sobre a avaliação de documentos digitais (2015-2018)

Eliane Braga

 Na sociedade contemporânea essa questão é, muitas vezes, considerada superada, uma vez que os espaços virtuais (servidores, nuvens) se apresentam como ilimitados. Conforme afirma Colombo (1991), na ?sociedade da técnica? a necessidade de selecionar o que deve ser preservado é substituída pela necessidade de conversão (ou tradução). As memórias são recolhidas e transformadas em signo e em testemunho (registra, reproduz, duplica, repete). Os recursos tecnológicos permitem absorver qualquer ampliação ou incremento ao conhecimento, sob o ângulo da suposta total neutralidade em relação aos conteúdos. Os bancos de dados são arquivo do mundo, ?predispostos a recolher todo o seu devir? (Colombo, 1991, p. 92). Na Ciência da Informação, memória e informação aparecem relacionadas especialmente às informações registradas (documentos), nos mais variados suportes, consideradas elementos de relevância para a memória social, em vários níveis: local, regional ou nacional. Essa relevância é justificada pela possibilidade de (re)construção da memória e da formação de identidade a partir desses registros, o que exige sua organização, preservação e divulgação. Essas operações incluem o aspecto seletivo, que envolve o binômio lembrar e esquecer, onde a decisão sobre o que constituirá a memória é compreendida como uma disputa, ou uma negociação, entre grupos sociais, permeada por questões políticas e ideológicas, por vezes antagônicas. A preservação dessa memória associa-se, também, a espaços físicos socialmente instituídos e legitimados para sua custódia, tais como, arquivos, bibliotecas, museus e centros de documentação. A prática da avaliação de documentos de arquivo, função arquivística na qual se estabelece a destinação de acervos à guarda permanente, resulta no que podemos chamar de memória arquivística da sociedade. Os conjuntos documentais resultantes desse processo passam a integrar o que comumente chamamos de memória social, à qual se associam as noções de permanência e preservação. Este projeto pretende contribuir com as reflexões sobre memória e esquecimento, sobre critérios de avaliação de documentos de arquivo, com vistas à sua preservação, considerando o cenário desenhado pelas tecnologias de informação e comunicação, bem como as recomendações técnicas e normativas que vêm sendo formuladas nesse contexto.

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