FOTOJORNALISMO E MEMÓRIA NO PRÊMIO DIREITOS HUMANOS DE JORNALISMO (1984-1990): Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH) (2015)

Roberta Pinto Medeiros

A proposta deste trabalho é apresentar a análise intrínseca e extrínseca das fotografias premiadas do Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo do período de 1984 a1990. A análise resulta do desenvolvimento do trabalho de pesquisa pelo Curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Essa proposta de trabalho resultou em duas frentes de análise, sendo que a primeira consistiu de uma análise extrínseca das fotografias, o que correspondeu as principais características das fotos, como cor, tamanho, se eram sequenciais ou não, entre outros. Essa primeira análise deu suporte para a elaboração do instrumento de pesquisa, o catálogo seletivo, que corresponde a um dos produtos desta dissertação. Já a segunda parte da análise correspondeu exatamente à proposta deste trabalho, ou seja, fazer a relação entre memória, fotografia e o Prêmio. Para isso, foi necessário traçar trajetórias ao longo do trabalho, as quais foram divididas em capítulos ou subcapítulos para que se alcançasse o objetivo proposto, sendo inicialmente abordada a trajetória do Prêmio. Em seguida, apresentou-se um referencial teórico embasado na fotografia, memória, esquecimento, ditadura e arquivologia. Por fim foi apresentada uma breve história do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), para posteriormente a esse capítulo, trazer a discussão em pauta da dissertação. Assim, para entender o porquê da criação do Prêmio, é necessário compreender o cenário no qual o mesmo foi criado. É dentro de um contexto de lutas e de violação aos direitos humanos do período final do regime militar no Brasil que foi criado o Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, em 1984, pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos em conjunto com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional do Rio Grande do Sul e a Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado (ARFOC/RS). Assim, o Prêmio tem por função, além de outras, incentivar a denúncia de violações contra a liberdade de expressão, impedindo que o passado de repressão e censura se repita nos dias atuais. Diante disso, o Prêmio, que ainda ocorre anualmente, visa prestigiar as matérias jornalísticas mais relevantes em torno da defesa da dignidade humana, ao mesmo tempo em que estimula o trabalho dos profissionais do jornalismo na denúncia das violações e na vigilância ao respeito aos Direitos Humanos. O recorte das imagens (1984 a 1990) foi estabelecido devido à enorme quantidade de fotografias premiadas ao longo dos 31 anos de atuação do Prêmio, na medida em que trabalhar com todas elas extrapolaria o cronograma previsto pelo Programa de Pós- Graduação. As imagens trabalhadas na pesquisa podem ser consideradas como fotojornalísticas, pois estão ligadas aos meios impressos diários, além de agregarem algumas imagens chocantes e expressivas para a sociedade. Portanto, concluiu-se através deste trabalho, ou seja, do estudo da fotografia em relação à memória, que as fotografias presentes nesse acervo possuem um valor histórico e cultural para a sociedade, já que refletem o ambiente em que foram registradas. Além do mais, podem ser caracterizadas como documentos de arquivo, quando se faz a relação com outros documentos, já que muitas estão vinculadas a reportagens. Sendo assim, após a análise das fotografias e do estudo das fotografias em relação à memória, este trabalho chegou à conclusão de que o Prêmio possui o papel fundamental de não deixar que o Movimento seja esquecido, pois o MJDH foi criado com o objetivo, de auxiliar pessoas durante a ditadura civil-militar no Brasil, e mesmo após findado esse regime, o Movimento continuou a atuar na sociedade em favor dos direitos humanos.

Texto completo disponível em: http://guaiaca.ufpel.edu.br:8080/bitstream/prefix/5428/1/Roberta%20Pinto%20Medeiros_Dissertacao.pdf

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