DO TEMPO DO SILÊNCIO AO TEMPO DO RECONHECIMENTO: emergência e protagonismo dos arquivos como suporte às políticas de informação, à memória coletiva e como dispositivo democrático no Brasil pós-ditadura militar (2015-Atual)

Georgete Medleg Rodrigues

A partir dos anos 1990, os arquivos ocuparam as manchetes dos jornais brasileiros de maneira crescente. Essa expressão dos arquivos na mídia, de certa forma, segue um padrão já percebido em outros países. No caso do Brasil, o espaço dedicado pela mídia aos arquivos sugere um protagonismo histórico-político dos arquivos, inédito até então. PROBLEMAS DA PESQUISA: a) a busca pelos arquivos do regime militar, a reivindicação pela sua abertura/acesso e a negação de sua existência ocupando os cadernos de política da mídia evidenciam o protagonismo/centralidade dos arquivos na disputa pela memória do período? Se sim, podemos estabelecer uma periodização para a entrada em cena dos arquivos e mapear os grupos, incluindo as instituições, nesse processo b) Podemos afirmar que é a partir dos anos 2000, quando a existência dos arquivos do período é um fato, inclusive com o recolhimento de acervos a instituições públicas, que tem origem a construção de novas fontes sobre o período, com filmes sendo produzidos com uma intensidade não encontrada na década anterior O que serve de fio condutor para essas novas narrativas, elas mesmas constituindo-se em arquivos O cinema como um novo lugar de memória OBJETIVO GERAL: analisar a emergência e o protagonismo dos arquivos como suporte às políticas de informação, à memória coletiva e como dispositivo democrático no Brasil pós-ditadura militar. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: realizar uma revisão de literatura referente aos conceitos a serem trabalhados na pesquisa: instituição, estado, democracia, memória, esquecimento, políticas de informação, arquivos; identificar e estabelecer, com base no levantamento na imprensa (em formato impresso ou na internet), os marcos temporais para a emergência dos arquivos na cena política, suas formas e intensidades, mapeando os discursos a respeito; sistematizar a legislação referente à política arquivística no âmbito federal, da lei de arquivos à lei de acesso à informação segundo o escopo do projeto; sistematizar as diretrizes/recomendações internacionais sobre o acesso aos arquivos e as políticas de informação, segundo os objetivos do projeto; mapear as instituições que são investidas – e por quem o são – como repositórios dos estoques informacionais como estoques de memória, estabelecendo comparações entre elas, os que as aproxima e as diferenciam; mapear os grupos envolvidos nesse processo e suas formas de ações; mapear os filmes produzidos entre as décadas de 1990 e 2000 para identificar uma possível relação entre essa produção e o momento de discussão memorialística sobre período da ditadura militar; identificar a influência do acesso aos arquivos do período nessas produções; qualificar essa produção como fontes construídas sobre o período e quais memórias elas buscam veicular. REFERENCIAL TEÓRICO: Trabalhar-se-á com os conceitos de instituição, estado, democracia, memória, esquecimento, políticas de informação, transparência, arquivos, materialidade da informação e emblema. REFERENCIAL METODOLÓGICO: Trata-se de uma pesquisa histórico-documental, de natureza quantitativa e qualitativa, cujo corpus empírico compreende jornais, legislação referente aos arquivos, instituições e organizações da sociedade civil que mantêm/divulgam documentos do período da ditadura militar; filmes, que tratam do período. A análise do material será feita com base nos conceitos operacionais dos autores anteriormente citados no referencial teórico.

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