A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA E DA IDENTIDADE PELOS MOVIMENTOS SOCIAIS: a atuação do Movimento de Justiça e Direitos Humanos de Porto Alegre relatada em seu acervo (2016-2020)

Roberta Pinto Medeiros

A proposta desta pesquisa é discutir os resultados da análise dos relatórios de atividades anuais do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, do período entre 1979 a 2015, a partir do papel dos arquivos de movimentos sociais na busca e defesa pelos direitos humanos individuais e coletivos. Além da abordagem sobre a análise dos relatórios, esta pesquisa discute, também, os campos de memória e identidade a partir do acervo do Movimento de Justiça e Direitos Humanos. O estudo resulta do desenvolvimento do trabalho de pesquisa pelo Curso de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Essa proposta de trabalho resultou em duas frentes de exploração, sendo que a primeira consistiu de uma análise de conteúdo dos relatórios, o que correspondeu às seguintes categorias analíticas: defesas em prol dos Direitos Humanos; atividades condicionadas a Movimentos Sociais (exceto as de defesa em prol dos Direitos Humanos); e promoção e campanhas. Essa primeira análise resultou no enfoque das atividades do Movimento, ou seja, evidenciou seu papel na luta pelos direitos humanos, além disso, o resultado dessa pesquisa foi substancial para a segunda etapa de estudo do corpus da pesquisa. A segunda parte da análise correspondeu exatamente ao propósito desta pesquisa, ou seja, relacionar o papel dos arquivos de movimentos sociais no Brasil, no caso do Movimento, com a memória, a identidade e os arquivos. Portanto, essa documentação presente no acervo do Movimento faz desse lugar uma ferramenta social e uma fonte de dados e de resguardo da verdade por documentos que têm o caráter de testemunho e de prova de que aqueles fatos ocorreram. Além de ser um instrumento social, o arquivo do Movimento é um lugar que mantém em exercício a memória, evitando que se torne ausente e, consequentemente, se torne esquecimento. Logo, os arquivos representam, por meio da informação que preservam, uma memória de resistência de um determinado grupo ou sujeito, permitindo o respeito à pluralidade de memória e de identidades. Esta pesquisa permitiu perceber, pela análise dos documentos de arquivo, a participação do Movimento de Justiça e Direitos humanos na conquista e defesa dos direitos humanos no Brasil desde a década de 1980.

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