Esta tese, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Memória Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, analisa a memória social por meio da doação de documentos digitalizados que resultaram de um Acordo Técnico de Cooperação firmado entre o Museu do Índio e os parintintinos. Nossa proposta consistiu em analisar as mídias materiais da memória social, em particular os registros documentais digitalizados para doação, discutindo o entendimento de que, sendo os indígenas uma sociedade predominantemente oral, eles não teriam tais documentos, sentidos em suas práticas culturais. Para a realização de nossa pesquisa, inicialmente analisamos as noções de coleção, questionando-as a partir das tensões decorrentes dos espaços que ocupam, sejam eles públicos ou privados, como as transferências neste contexto. Reconhecendo as forças simbólicas que envolvem (ou podem evoluir) os documentos de arquivo e outros documentos, procedemos à análise da sua importância na formatação dos territórios, culturas e memória social. Fizemos isso em um diálogo sobre o processo de demarcação das terras indígenas de Parintintin, o que definiu o espaço que esses povos poderiam usar para dar continuidade às suas práticas culturais. A partir do que chamamos de “trama de conceitos”, que sustenta essa discussão sobre território, cultura e memória social a partir de documentos como processos administrativos e judiciais de demarcação de terras indígenas, utilizamos alguns teóricos da área que nos permitem justificar. a escolha pela discussão sobre as bases materiais da memória social. Essa reflexão é mantida a partir do Acordo Técnico de Cooperação e verificada sobre o Museu do Índio, nosso principal objeto de estudo, na medida em que uma modalidade de trocas que, na opinião de Marcel Mauss, implica em obrigações diferenciadas entre as pessoas envolvidas no processo. Assim, criamos uma breve historicidade sobre o Museu do Índio, focalizando sua vocação como “Lugar de Memória” que o “qualifica” como possível doador de memórias. Esse processo de doação “dos brancos aos índios” da “COLEÇÃO DIGITAL DA CULTURA DE PARINTINTIN”, que parece confirmar essa credencial, não ignora os Parintintin como sujeitos políticos, mas pretende incorporá-los nas reflexões sobre os problemas. identificados na doação, lutando na proposição de alternativas que possam contribuir no fortalecimento dos resultados propostos pelas partes envolvidas não apenas na “doação, mas principalmente no termo de cooperação firmado.
Texto completo disponível em: http://www.repositorio-bc.unirio.br:8080/xmlui/bitstream/handle/unirio/12359/TESE%20VERS%c3%83O%20FINAL%20DEFESA.pdf?sequence=1&isAllowed=y