Esta tese propõe o tratamento de questões em torno das práticas documentais no âmbito das políticas patrimoniais brasileiras tendo como princípio duas proposições: a documentação patrimonial como dispositivo social de poder do patrimônio; e o campo do patrimônio como espaço de articulação das relações e jogos estratégicos do poder estatal. Levando essa discussão para o lugar específico do Arquivo Central do IPHAN/Seção Rio de Janeiro (ACI/RJ), nossa finalidade é explicar como essas associações se estabelecem no interior de uma central de cálculo que agencia as tensões entre saberes e poderes para produção de materialidades, estabilidades e permanências. Assim, em primeiro lugar, propomos o entendimento do pensamento do documento para percebê-lo como uma emergência decorrente de diversos agenciamentos estabelecidos historicamente através de regimes de poder/saber e de saber/poder. Num segundo momento, tratamos da construção do saber patrimonial e da configuração da documentação patrimonial como dispositivo de poder no interior de práticas e políticas governamentais. Em decorrência, traçamos um caminho para compreendermos as disputas de saber/poder entre neocoloniais e modernistas para a constituição e desenvolvimento do campo legal do patrimônio no Brasil. Posteriormente, revisitamos a noção de arquivo apontando para a materialidade e os processos de documentar. Por fim, mostramos a constituição, estrutura e funcionamento do Arquivo Central do IPHAN/Seção Rio de Janeiro (ACI/RJ) para analisá-lo como uma central de cálculo e, consequentemente, como um lugar praticante e praticado.
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