O ATO NARRATIVO E A ÉTICA NA DESCRIÇÃO DO DOCUMENTO DE ARQUIVO (2020)

Gilberto Gomes Cândido

A Descrição do Documento de Arquivo, como uma das funções de procedimento
Arquivístico, é elaborada de modo a permitir a difusão e o acesso aos usuários; tal
método procura proporcionar elementos/caracteres do conteúdo formal do documento
de forma a se elaborar instrumentos de pesquisa. Assim sendo, a Descrição é um
processo de representação dos elementos intrínsecos e extrínsecos ao Documento
de Arquivo e deve ser fidedigna. Com isto, objetivou-se conhecer e como ocorrem o
Ato Narrativo e a Ética na representação do documento de arquivo, demonstrando
que tal ato representativo não é objetivo, mas sim subjetivo advindo de interpretações,
de modo a contribuir para discussões e aprofundamento na área de Representação,
bem como apresentar subsídios para compreensão da subjetividade sobre o processo
de representação por meio da descrição do documento de arquivo, com intuito de
descrever os procedimentos metodológicos; reproduzir interlocuções metodológicas e
ilustrar a aplicação do processo de descrição sobre os dossiês da Comissão Pastoral
da Terra, da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Norte 2 com
reflexões dos procedimentos metodológicos e filosóficos apresentados. Assim,
identificou-se como resultados que os processos descritivos são interpretativos e
podem vir a atribuir juízos críticos valorativos e categóricos por meio da visão de
mundo do profissional arquivista durante a representação. Dado que o procedimento
de descrição aplicado pelo arquivista em sua atuação profissional utiliza-se dos seus
aspectos cognitivos, ao se basear nas suas interpretações, em que se busca
identificar e extrair os elementos/caracteres fidedigno ao conteúdo e ao contexto do
documento de arquivo. Posto isto, considera-se, assim, que a representação por meio
do processo de descrição não é neutra nem tampouco objetiva, já que se utiliza de
percepções cognitivas no decorrer do processo, ou seja, é subjetiva. Assim o ato
narrativo na descrição pode ser observado como um ato de contar uma história ou
(re)contar, em razão disso a Ética busca nortear o fazer profissional do arquivista no
que concerne a Descrição do Documento de Arquivo, em virtude de que esse
processo pode ser percebido como ato de poder por meio da interpretação realizada
sobre o documento de arquivo. Posto isto Arquivista em sua atuação, tem que se
lembrar que a informação em seu âmbito tanto institucional quanto social é para todos
os usuários e não para si mesmo, ou classes de grupos dominantes, e que ato de
poder na utilização dos processos de representações ocorrem, visto que, quem decide
o que e como será representado é o Arquivista.

Texto completo disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/192628/candido_gg_dr_mar.pdf?sequence=3

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