OS ESPAÇOS E OS DIÁLOGOS DA FORMAÇÃO E CONFIGURAÇÃO DA ARQUIVÍSTICA COMO DISCIPLINA NO BRASIL (2007)

Angélica Alves da Cunha Marques

Esta pesquisa tem como objeto de estudo o processo de formação e configuração da Arquivística como disciplina científica no Brasil. Aponta três questões centrais: qual é a trajetória dessa formação; como a Arquivística se configura no campo científico; e quais são as suas relações com as outras disciplinas nesse processo. A hipótese norteadora é a de que a configuração do campo científico da Arquivística é igual à interação entre o seu campo disciplinar e extradisciplinar. Nesse sentido, tem como objetivo geral compreender a trajetória dessa formação e configuração, os espaços e vínculos da Arquivística na Universidade, seus movimentos e diálogos com as outras disciplinas e áreas do conhecimento e o papel das associações de arquivistas nessa trajetória. Como objetivos específicos, retraça a história da criação dos Cursos de graduação em Arquivologia no Brasil; identifica o locus acadêmicoinstitucional da disciplina e avalia as razões dos seus vínculos nas universidades; mapeia a formação dos docentes desses Cursos, os eventos de caráter científico promovidos pelas associações de arquivistas e a produção científica com temáticas relacionadas à área. Como um estudo descritivo, todas as suas fases mostram-se interdependentes, a partir da reconstrução da trajetória histórica da área – estudo explicativo, baseado no Método da História Cruzada. O universo da pesquisa compreende todos os Cursos de Arquivologia do Brasil (inclusive o corpo docente), as associações de arquivistas, os Programas de Pósgraduação em Ciência da Informação e aqueles com linhas de pesquisa, identificados por nós como sendo possível desenvolver pesquisa com temas arquivísticos e as pessoas que participaram da criação do Curso de Arquivologia da UnB. Os procedimentos metodológicos consistem no levantamento e fontes primárias e da bibliografia relacionada à Arquivística e daquela que subsidia o estudo dos contornos das suas relações extradisciplinares; pesquisa documental no Fundo Arquivo Nacional (RJ), no acervo do CEDOC da UnB e na publicação Mensário do Arquivo Nacional; questionários endereçados aos docentes dos Cursos de graduação em Arquivologia; realização de entrevistas com pessoas que participaram do processo de criação e implantação do Curso de Arquivologia da UnB; pesquisas nos sítios das universidades que abrigam Cursos de Arquivologia, nos sítios das associações de arquivistas, nos sítios dos Programas de Pós-graduação em Ciência da Informação e aqueles mais próximos à Arquivística e no Banco de Teses da CAPES; envio de correspondências a essas associações e aos Cursos de Biblioteconomia do Brasil. A análise da trajetória da Arquivística no Brasil demonstra que a sua formação, como disciplina, parece ter sido conseqüência direta e imediata da necessidade prática de habilitação de profissionais especializados para o tratamento e organização dos arquivos brasileiros, com grande participação do Arquivo Nacional e das associações de arquivistas, sobretudo da AAB. Além disso, a sua configuração atual parece ser decorrente dos diálogos estabelecidos com outras disciplinas, quanto aos vínculos institucionais dos seus Cursos de graduação, quanto à formação/titulação dos docentes desses Cursos e quanto à produção científica, com temáticas relacionadas à área. Esses três aspectos apontam para uma intensa proximidade entre a Arquivística e Ciência da Informação, embora a sua trajetória seja marcada pela tradição histórica.

Texto completo disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/2979/1/2007_AngelicaAlvesdaCunhaMarques.PDF

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