A passagem do analógico para o digital vem provocando profundas mudanças no campo da fotografia. Uma delas está ligada às formas de armazenamento e circulação. Se por muito tempo álbuns, caixas e gavetas eram os lugares para serem guardadas as fotos, agora a imensa quantidade de imagens gerada pela tecnologia digital permite o armazenamento e compartilhamento em sites na internet. O ato fotográfico assume hoje, em proporções ampliadas, uma forma difusa de narração das nossas experiências cotidianas, um auto-arquivamento através de testemunhos imagéticos de nossa existência. A produção de fotografias no ambiente digital e fluido das redes sociais talvez seja o exemplo mais emblemático de tais mudanças. No tocante a tais redes sociais, uma característica pertinente de se destacar é que diante das novas tecnologias, a sociedade em muitos casos não tem discutido a importância das imagens digitais, que se proliferou nas novas gerações. O ato imagético muitas vezes tem se limitado ao gesto de produção: as novas gerações capturam retratos e paisagens em todos os lugares e de todas as maneiras sem de fato refletir sobre tal prática. Nesse sentido, disciplinas como Arquivologia e Ciência da Informação podem vir ao auxílio, garantindo discussões pertinentes sobre o assunto. Enquanto a Arquivologia se volta principalmente para a inserção do documento fotográfico no elo orgânico do conjunto e como possibilitar sua preservação, difusão e acesso, a Ciência da Informação foca em questões de organização, representação e recuperação desse conteúdo visual em códigos verbais, abordagens relacionadas à leitura da imagem, seguindo de maneira incisiva os paradigmas tecnológicos atuais. Estocadas de forma desordenada em computadores e celulares, cria-se uma escala inédita de fotografias. O valor delas como documentos depende, no entanto, de uma forma de se dar ordem a uma espécie de caos imagético. A documentação excessiva e o compartilhamento desenfreado de imagens em redes sociais, com destaque para Facebook e Instagram que são as mais utilizadas atualmente, pode acarretar ironicamente a um esvaziamento de conteúdo no futuro. Tendo em vista o quadro exposto buscaremos analisar como a produção em massa de documentos fotográficos digitais e sua inserção no ambiente efêmero das redes sociais pode impactar na organização, preservação e acesso dessas informações no futuro. O trabalho possui como objetivo geral analisar o impacto da produção fotográfica no ambiente digital e sua difusão no instável contexto das redes sociais. Além disso visa também (1) verificar as abordagens existentes sobre a fotografia enquanto documento e informação; (2) contextualizar e identificar a importância das redes sociais como difusor de informação imagética; e (3) avaliar o cenário da fotografia no ambiente digital em relação à produção, organização e preservação da informação. A metodologia de pesquisa se dará a partir de dois momentos, um primeiro momento com pesquisa bibliográfica periódicos científicos, livros, teses e dissertações das principais obras que discutem os aspectos da fotografia enquanto documento e informação e sua inserção no ambiente digital, além de trabalhos que abordem o conceito de rede social, e um segundo momento onde será feita a análise das redes sociais escolhidas (Facebook e Instagram) para compor o campo empírico, buscando identificar suas características no tocante ao uso da fotografia. A pretensão de analisar o domínio dos registros fotográficos se baseia no entendimento da necessidade de uma conexão interdisciplinar mais eficaz entre o preconizado pela Arquivologia e a Ciência da Informação, visando assim a uma melhor utilização e compreensão da fotografia como objeto de estudo. Entende-se também que as redes sociais podem ser caracterizadas por uma forma de linguagem pela qual a fotografia comunica a sua informação, agindo assim tanto.